
É natural ao ser humano buscar constantemente o sentido para as coisas e para a vida e é a filosofia que nos auxilia neste processo. A filosofia busca através de questionamento racional a verdade que explica e sistematiza. Mas a ideia desta reflexão não é adentrarmos em conceitos filosóficos, porém refletir sobre sermos tão fechados ao novo, ou seja, as mudanças que em grande parte são dolorosas, porém necessária para quebra de paradigmas. O motivo desta resistência pode ser dois: medo e comodismo.
Em outras reflexões, falamos sobre a carência afetiva do ser humano e sobre a sua necessidade de construir relações fraternas para a manutenção da espécie. Aristóteles fala bem sobre isto quando diz que a família é a geradora da base que dá sustentação a espécie humana, ou seja, somos carentes e precisamos de preenchimento afetivo e social. Assim, buscamos institivamente alternativas que facilite as nossas atividades e quando encontramos a tendência é acomodar-se.
A praticidade que as novas tecnologias trouxe para simplificar nossas atividades tem um efeito colateral da constante busca pela facilidade. No entanto, administrar as perdas e/ou as contrariedades da vida, diante das novas culturas, se torna difícil porque afastamos assim os métodos pedagógicos que aprendemos com as contrariedades. Deste modo, acomodados não queremos enfrentar os desafios e buscamos no automático as "receitas prontas".
Na nossa vida é inevitável o confronto com o medo. Alguns filósofos definem o sentimento como regulador afim de evitar erros. O existencialista, Heidegger, afirma que o medo pode aprisionar quando mal administrado pelo indivíduo. O medo auto condena o homem/mulher na impropriedade sendo regulado pelos outros ou pelas circunstâncias que o conduz a uma espécie de sentido sem finalidade.
Ao escrever sobre a pedagogia do sofrimento, lembro sobre a necessidade de ver a contrariedade não como fatalidade, mas como uma consequência pedagógica de libertação. Só conseguiremos alcançar a pedagogia quando nos abrimos ao novo sem medo de enfrentar os novos desafios e não fugir do confronto com as contrariedades. Dom Helder Câmara, grande humanista, destacou muito bem essa necessidade humana de: "Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante... Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor para a construção do mundo...". Helder acreditava que não existia receita pronta, mas que é necessário construir o caminho sempre rompendo o comodismo para alcançar libertação.
Por fim, é necessário possuir o controle sobre o medo e buscar elementos que nos afaste do comodismo que aprisiona. Não há receita mágica, mas consequências em um caminho que é longo, porém repleto de aprendizado e de libertação. Este processo começa na concepção e não pode parar durante a nossa vida.
Luiz Carlos Rodrigues da Silva é comunicólogo e estudante de filosofia.
Deixo para reflexão uma canção do Pe. Zezinho, scj:
Realmente precisamos nos libertar, no meu caso, do medo. Mas como diz a musica: Cada coisa tem seu tempo. Que Deus nos conceda o que necessitamos, no tempo certo, no seu tempo.
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