Querido (a), leitor (a), este texto escrevi no mês de março e enviei para alguns colegas e amigos. Aos que já leram peço desculpa por repetir, aos novos leitores desejo uma boa reflexão. Segue abaixo.
Nos últimos dias o mundo vem navegando sobre um oceano de dores e sofrimentos. O surgimento do corona vírus (covid-19), colocou o planeta todo em alerta. Os líderes no mundo inteiro decretaram o fechamento de escolas, shoppings, parques, mercados etc. Também houve impacto diretamente nos templos religiosos, as dioceses no mundo inteiro suspenderam a celebração da Santa Missa com a participação de fiéis.
Esses fatos recordam muito as primeiras
comunidades cristãs que perseguidas pelos romanos, precisavam reunir-se de
portas fechadas para celebrar o mistério pascal. O aposto Paulo, enquanto
prisioneiro, em carta direcionada a comunidade de Efésios no capitulo 4 exorta
a necessidade da comunidade permanecer unida em oração nutrindo a esperança no
Cristo Salvador. Hoje os cristãos do mundo inteiro estão sendo convidados a
viver assim, como os primeiros, o templo, Igreja física não existia, mas a
Igreja era a família e hoje somos convidados voltar a ser igreja na mesa de
nossa casa.
No
início do seu pontificado o papa Francisco escreveu a Evangelli Gaudium –
A Alegria do Evangelho – no documento o sumo pontífice exorta uma Igreja em saída,
uma Igreja acolhedora, uma Igreja que seja família, uma família que seja Igreja
e que esteja disposta a viver para o pobre. Hoje todas as igrejas físicas estão
fechadas, tornou-se a mesa de nossa casa o altar de Cristo. O papa Francisco na
encíclica Lumen Fidei – A Luz da Fé – destaca a importância da família
para a construção social. Francisco acredita que a Fé vivida em família se
torna luz para a uma sociedade machucada por vícios e dores.
Assimilada
e aprofundada em família, a fé torna-se luz para iluminar todas as relações
sociais. Como experiência da paternidade e da misericórdia de Deus, dilata-se
depois em caminho fraterno. Além disso a fé, ao revelar-nos o amor de Deus
Criador... (Lumen Fidei 54/55)
Diante das dores e
sofrimentos no mundo contemporâneo somos convidados a exemplo do nosso Santo
Pai fundar São Paulo da Cruz a meditar a Paixão de Jesus Cristo a fim de
esvaziar-nos, deixando ser preenchido pela sabedoria da Cruz. O padre Eugênio
Mezzomo, cp explica que é necessário possuir desejo e esperança. Quando Jesus
caminhava e encontrava um doente ele sempre perguntava o seu desejo e depois
realizava a cura. Mezzomo ainda cita o Itinerário da Mente de São Boa Ventura
que afirma, em seus escritos que, o desejo é essencial na busca pelo dom.
Os
desejos e as esperanças são fundamentais para progredir na oração. Na Idade
Média, os estudiosos não descobriram novas estrelas no céu, porque não
esperavam encontrar novidades ou estrelas novas. Quando Galileu mostrou que era
possível encontrar novas estrelas, mesmo a olho nu, houve muitas descobertas.
Assim também na vida espiritual. Quem nada espera nada alcança, mas, quem tem
expectativas procurará e poderá encontrar. (Mezzomo, Eugênio. A Cruz Habitada
p.60)
Um fato que chamou a atenção de todo o mundo foi a
celebração pela qual o Papa Francisco, numa sexta-feira (27/03), concede a
cidade de Roma e ao mundo inteiro a benção solene (Urbi et Orbi). Durante sua
catequese o Papa Francisco expressou o carisma da Paixão:
Abraçar
a sua Cruz, significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da
hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de onipotência e posse,
para dar espaço à criatividade que só o Espírito Santo é capaz de suscitar.
Abraçar o senhor para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé e que
liberta do medo. (Papa Francisco, benção Urbi et Orbi, em 27 de março de 2020).
Francisco, assim como o fundador dos
missionários Passionistas, São Paulo da Cruz, grande místico do século XVIII,
acredita e nos interpela a meditar a Paixão de Jesus Cristo como único remédio
para os males do mundo. Durante a celebração que concedeu a benção, diante de
uma praça vazia, o Papa exclamou: “Em meio a tempestade o Senhor nos interpela
e pede que nos despertemos. Temos uma ancora: na sua cruz fomos salvos. Temos
um leme: na sua cruz fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos
curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor.”
O sumo pontífice com isto, resgata a imagem da santa Esperança que todo o
cristão deve trazer impressa no coração.
O beato Domingos da Santa Mãe de Deus, presbítero e
missionário Passionista, em seus manuscritos (parte II, ff 138), afirma que a
esperança é uma virtude que nos ancora e nos deixa firme diante das
dificuldades que o mundo nos apresenta: “Com efeito a esperança é uma virtude
que, como se fosse uma âncora, mantém firme o barco da nossa alma no meio das
tempestades deste nosso pobre mundo”. Assim, o papa Francisco interpela a toda
a igreja e ao mundo inteiro que é preciso meditar a Paixão de Jesus Cristo para
encontrar a esperança e sermos propagadores diante de um mundo sofrido pelo
egoísmo e indiferença.
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